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Monthly Archives: May 2013

Cap Haitien

Na volta para Cap Haitien, rapidamente compramos a passagem para o dia seguinte, para voltar a Republica Dominicana (Cap Haitien – Santiago). Depois arrumamos um hotel, bem ruinzinho e bem carinho.

Daí nos mandamos para visitar a Citadelle Henry. Pegamos um matatu (van-caminhonete, e andamos uns 25 kms até Millot. De lá fica a subida a até a Citadelle. São 8,5 kms de subida, em um desnível de 970 metros. Lá embaixo, na entrada, fica o Palácio de Sans Souci, bem em ruínas mas um bom aperitivo. Demoramos 90 minutos, subindo em um ritmo forte, sem paradas. Chegamos lá em cima encharcados de suor, com as pernas bambas de cansaço. Desde o início do caminho, um sem número de haitianos nos oferecem caronas de motos ou cavalos (pagas, é claro). Fora os guias. Éum saco, mas dá pra entender, já que éramos os únicos estrangeiros do pedaço.

Chegando lá em cima, uma surpresa. O lugar é simplesmente fantástico, super conservado, com uma vista espetacular. Descansamos e passeamos por um bom tempo. À 1,5 km do topo, estão construindo um estacionamento e lojas para turistas, o que deve significar que algo pode mudar (hoje não há demanda para este investimento, por falta de turistas).

Na hora de descer, pegamos uma carona em uma caminhonete particular (o cara parou, e nem perguntou nada), e nos levou de volta até Cap Haitien, fantástico!

Uma atração turística excelente, para mim impensável, e que deveria fazer parte do pacote dos navios (quem sabe é o que vai acontecer).

Cap Haitien é uma cidade com estilo colonial, bem mais agradável que Porto Príncipe (não é vantagem). No entanto, quando visitamos o mercado, ficamos bem impressionados. Primeiro porque é um supermercado no sentido literal da palavra, um mercado enorme, parte ao ar livre, parte dentro de um galpão de ferro, mas as condições sanitárias são horrorosas, da medo. Foi uma decepção.

Palácio Sans Souci

Palácio Sans Souci


Citadelle Henry

Citadelle Henry


Cape Haitien - colonial

Cape Haitien – colonial

 
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Posted by on May 30, 2013 in Haiti

 

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Labadie

Bem, a noite não foi propriamente agradável. Como eu escrevi, ficamos em 2 quartos em um bar-restaurante, o que significou que a música estava altíssima até às 11 e 30 da noite. Mas não deu pra reclamar quando acordamos, pois o dia estava lindo, o mar maravilhoso, e passamos o dia entre caminhadas pelo litoral, nadadas no mar cristalino, papo com os nativos, todos muito simpáticos.

Tinha um mega navio da Royal Caribean parado em frente, e a galera andando de jet ski, caiaque, tirolesa, e outros esportes burgueso-aquáticos. De todos os passageiros, somente 6 visitaram a vila. A sensação é ruim, quanto mais quando soubemos que a empresa paga ao Governo do Haiti US 10 por passageiro, e nenhum dinheiro vai para os nativos. Uma pena.

Passamos mais uma noite tranquila, e pela manhã voltamos para Cap Haitien, para recomeçar o turismo cultural. Labadie é um diamante em estado bruto, precisa ser um pouco lapidado, mas não da forma como estão fazendo.

Labadie - paraíso!

Labadie – paraíso!


Final de tarde na vila

Final de tarde na vila


Contraste!

Contraste!


Eu e Guilherme no paraíso

Eu e Guilherme no paraíso

 
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Posted by on May 30, 2013 in Haiti

 

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Não Conta lá em Casa

Depois de ter um dia super intenso em Porto Príncipe, deixamos a cidade partindo para Cap Haitien, que fica no litoral norte do Haiti. Tudo indicava um dia tranquilo, se não fosse o idiota da guest house, que garantiu saber onde se pegava o ônibus até lá. Ele nos pediu somente que pagássemos a gasolina, e nos levaria até o local. Pediu 3 galões, o que significa 11 litros. Só que depois de 5 km, ele parou num posto de gasolina, falou com um haitiano em creole (o idioma local), e nos disse que poderíamos entrar em uma van, que nos levaria a uma cidade à 4 km de Cap Haitien. De lá seria fácil chegar ao destino final.

Como não sabíamos exatamente o que fazer, decidimos topar. Tínhamos lido que a viagem demoraria umas 7 horas, e seria meio tenebrosa, então achamos que estava tudo certo. Não estava. Logo vi uma placa apontando Cap Haitien na CN1 (Carretera Nacional 1), e alguns kms depois, vi que estávamos na CN3, isto é, outra estrada. Bem, como a van parecia uma lata de sardinha, e eu estava sentado com uma banda num banquinho lateral e outra no ar, e encostado na mala (literalmente) do meu vizinho de trás, achei melhor tratar somente da minha sobrevivência e deixei pra lá.

Em uma rápida parada, conhecemos o Pascal, um simpático negão haitiano que estava sentado lá no banco da frente. Ele nos disse que a van ia para em uma cidade à 50 kms de Cap Haitien, e dela teríamos que pegar outro transporte, mas que ele iria conosco. O incrível que aconteceu é que a estrada passa por dentro de um cemitério. Isso mesmo, por dentro. Essa é inédita pra mim.

Ah bom! Assim fiquei tranquilo. Estávamos já numa estrada de terra (devia ser a CN249), no meio do mato, quando a van parou e o motorista disse que ali era o ponto final. Todo mundo desceu, e o nosso amigo Pascal disse que teríamos que ir de moto uns 10 kms até a vila mais próxima, para pegar um ônibus. E assim fomos, eu na garupa de um cara que nem falava nenhuma língua que eu soubesse, e o Guilherme na garupa do Pascal, que estava na garupa de outro mototaxista. Ainda bem que fiz seguro de viagem!!!

Dez kms depois o Pascal para uma caminhonete, e nós saímos das motos e fomos para a caçamba da camionete. Tudo ótimo, se não fosse meio dia, o sol estar de rachar o coco, e a tal da camionete andava 1 km, parava, o motor morria, os caras abriam o capot, ligavam, andavam mais 1 km, e morria de novo e assim foi, mais de 10 vezes. Cruzamos alguns rios, onde o slocais lavavam roupas, motocicletas, tomavam banho, e a vida seguia. Depois de enguiçar umas 5 vezes, o próprio Pascal perdeu a paciência, e resolveu pegar um mototaxi, e nos deixou lá. Uma roubada.

Sim, e a roubada aumentou. Começou a entrar gente e carga até não poder mais. Eu fiquei tão espremido, que nem 1 ano de pilates, combinado com acumpultura resolveria o problema. Não sei se foi sorte ou azar, mas a van parou de vez, e dali não saímos mais. Passou quase 1 hora, até que passou outra camionete, e saiu um carinha da nossa cabine e foi para a outra camionete. Quando resolvemos fazer o mesmo, nosso motorista disse que tínhamos que pagar a corrida. Achei um absurdo, já que não tínhamos andado nem 10 kms, e a van estava enguiçada. Que absurdo explorar os turistas!

Conversei com o Guilherme, aí ele me disse que viu o carinha pagar a viagem da primeira camionete, e resolvemos que na próxima camionete, nós pagaríamos e nos livraríamos daquela roubada. E assim foi. Só não esperava que os pobres haitianos, bem humildes, que estavam na nossa camionete e resolveram fazer o mesmo sem pagar quase apanharam do motorista e do seu ajudante. Na verdade, eles não estavam explorando os turistas (nós), e sim qualquer um.

Depois disso, andamos mais 50 kms, de novo espremidos que nem sardinha e chegamos a Cap Haitien. O desgraçado da guest house, que quis se livrar de nós, nos deixando numa van errada, mal sabe que nos fez um favor. Isso porque nos divertimos a valer, apesar de toda a roubada. Conversamos com muitas pessoas, conhecemos o Haiti rural, enfim, tivemos uma experiência única (mesmo!).

Chegando lá, em pleno domingo à tarde, outra surpresa : hotéis super caros e horríveis. Tínhamos ouvido falar de uma praia chamada Labadie, que fica a uns 15 kms de Cap Haitien, e sugeri que fôssemos direto pra lá. Pegamos um mototaxi, repito um só mototaxi, com nós 2 na garupa (mais as mochilas), e lá fomos até uma praia, de onde pegamos um barco até Labadie. Só não é indescritível, porque traz muitas semelhanças com Ilha Grande, ou Parati. Um verdadeiro paraíso. Havia um hotel um pouco afastado, mas obviamente era caro, e meio sem vida. Então nosso amigo barqueiro nos levou até a vila, onde poderíamos arrumar hospedagem barata.

Claro que não havia nenhum outro turista no local. Ficamos em 2 quartinhos na casa de uma dona de restaurante. Banho de caneca. Rapidamente conhecemos metade da vila, tomamos cerveja, fomos nadar ao entardecer. Caraca, depois de um dia de cão, terminamos com chave de ouro. Desde Porto Príncipe pegamos 7 transportes até chegarmos a Labadie. Não dava mesmo pra contar lá em casa onde eu estava. Só na volta que eles vão saber hehe.

Camionete definitivamente quebrada

Camionete definitivamente quebrada


Atravessando o terceiro rio

Atravessando o terceiro rio


Na caçamba da camionete

Na caçamba da camionete

 
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Posted by on May 28, 2013 in Haiti

 

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O Haiti é Aqui!

Bem, depois de mais de 1 ano, cá estou eu na estrada de novo. Quem leu algo sobre o blog do Guilherme, já sabe quem ele é. O fato é que nós nos encontramos em 2 finais de semana em Curitiba, onde ele e a Bianca, sua adorável esposa moram. Foram 2 finais de semana super intensos, falando de viagens quase o tempo todo, exatamente como a gente gosta.

Depois disso, ficou aquela vontade de um dia quem sabe, a gente fazer uma viagem junto. Surgiu uma oportunidade de eu tirar 1 semana de férias, e juntar com o feriadão, o que no total daria 11 dias. Conversando com ele, surgiu a ideia de irmos juntos para a República Dominicana, para onde a GOL voa, e se pode ir com bilhetes de milhagem. Resultado : tiramos as passagens, e ficou no ar aquele sentimento de que seria inevitável 1 dos 2 puxar o assunto de cruzar a fronteira para o Haiti.

Não demorou muito, e o assunto foi puxado (por ele), e imediatamente aceito. Desta forma, chegamos na quinta dia 23 à tarde em Santo Domingo, para sairmos sexta às 8 da manha rumo à Porto Príncipe. A travessia é fácil, dura 1 hora, sem muita burocracia. Às 3 da tarde já estávamos na cidade, isto é, nos arredores, pois o ônibus (de luxo, diga-se de passagem) deixou-nos ao lado da Embaixada Americana. Não tínhamos ideia de onde estávamos, na realidade, fora da cidade. Barganhamos um taxi para nos levar ate a Guest House que tínhamos reservado pela internet. O motorista nos pediu U$ 60, e resistimos muito até fecharmos por U$ 30. Não tínhamos ideia do que estava pela frente.

A “viagem” demorou 90 minutos, isso pois o cara era um lunático, que literalmente não perdeu nenhuma dividida no caótico tâansito de PAP (Porto Príncipe). Até de um trator ele levou a melhor, isso sem falar na bronca que ele deu no carro de polícia, que podia andar mais uns metros pra frente, e dar passagem pra ele. Ate na contramao de uma avenida, com canteiro central ele pegou. Subiu algumas vezes na calcada, sentando a mao na buzina para os pedestres sairem da frente. Ah, faltou falar que tinham 6 passageiros, mais as bagagens de todos dentro e em cima do carro, quase morremos asfixiados.

Mas chegamos inteiros, e para surpresa nossa, a guesthouse era simplesmente demais. O quarto da vontade de ficar por 1 semana. Nao tinha mais nenhum hospede por aqui. Saimos para explorar o bairro antes de entardecer, e ja deu pra perceber o que e’ o Haiti.

Comercio quase todo informal, na calcada. Nenhuma lei no transito, vale tudo. Consciencia ecologica igual a zero. Zero mesmo! Uma tristeza ver tanto lixo pra todo lado. Nao vi um caminhao de lixo, e somente algumas latas de lixo.

Bem, o atendente da guesthouse, bem fechadao, nos levou a um restaurante de um hotel perto, onde jantamos. So tinha outra mesa ocupada, por umas missionarias americanas. Desde que chegamos, da pra contar nos dedos quantos estrangeiros vimos. Nao sabemos se sao turistas, acho que malucos como a gente nao deve ter muitos.

Hoje fomos para o centro, e tivemos uma aula de Haiti. Pra quem leu o post sobre o Mercatto, de Addis Abeba, na Etiopia, pode ter uma ideia do que vimos. So que aqui e’ um Mercatto gigante. Talvez sem algumas cenas de degradacao extrema do ser humano como vimos por la, mas aqui e’ muito maior, praticamente todo o centro. E’ mais chocante ver tudo isso, do que a devastacao do terremoto, que e’ muito notada no centro, mas concentrada em alguns predios. Vou postar fotos e videos depois, vai dar pra ter uma ideia.

 

Local onde era o Palácio de Governo - destruído

Local onde era o Palácio de Governo – destruído


Catedral de Notre Dame - destruída

Catedral de Notre Dame – destruída


Esquina no centro de PAP

Esquina no centro de PAP


Bonecos de Vudu

Bonecos de Vudu

À tarde fomos na região chamada de Petion Ville, que é onde se encontram os hotéis de luxo e as embaixadas e mansões. Sim, vimos tudo isso, mas até lá a sujeira, o caos e a desordem chegam. É sufocante. Andamos de ônibus local, de taxi coletivo, tivemos a experiência completa. Isso sem falar no calor que oficialmente era de 36 graus, mas a sensação era de uns 45.

Mas algumas observações são necessárias : não tivemos em nenhum momento sensação de medo, o povo é muito hospitaleiro, sempre querendo nos ajudar. Para quem não tem praticamente nada, a proporção de gente pedindo dinheiro é mínima, chega a chamar atenção. Quase ninguém olha pra gente, a maioria nem nos nota.

Amanhã vamos para Cap Haitien, que fica no norte. Acho que a viagem em si já vai ser uma aventura, mas foi pra isso que viermos, né?

 
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Posted by on May 25, 2013 in Haiti

 

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