Bem, chegou a hora de fazer o resumo da viagem. Foi uma viagem relativamente curta, apenas 18 dias, e que os principais destinos foram Mianmar e Camboja. Então vamos à eles.
Mianmar
Para mim, foi uma surpresa positiva, e definitivamente ficará no TOP 10. Principalmente pela mistura do povo, cultura, e religiosidade, além de Bagan, que foge de qualquer parâmetro. Não dá para comparar Bagan com qualquer outro destino que já tenha estado. E o fator surpresa (ignorância!?) ajudou, pois tinha noção do que era, mas na verdade não sabia a dimensão do que ia encontrar.
Claro que o fato de Mianmar ainda estar engatinhando no que se refere ao potencial de turismo que pode atingir, ajuda na minha avaliação. Quanto mais próximo da realidade do povo, mais interessante fica, mesmo que isso signifique menos infra para os turistas. Esse é um dos motivos para eu gostar tanto da África. E de ter gostado de tantos lugares na Ásia, os quais eu visitei faz muito tempo, e hoje não tenho vontade de voltar. Querem exemplos : Beijing. Visitei em 1991, e fui em todos os cantos de bicicleta, o que hoje sei que é virtualmente impossível. Quase não havia carros nas ruas. Outro exemplo : Vietnam. Visitei em 1994, e não quero mais voltar, para não me decepcionar. Também rodei pelas ruas de Hanoi e Ho Chi Minh City de bicicleta, e apenas dividi as ruas com outras bicicletas e motos. Quase sem carros.
E claro que em um mundo muito mais globalizado hoje em dia, sei que o turismo de Mianmar já vem mudando, e vai mudar rapidamente. Portanto sugiro uma visita em breve, para quem não conhece. A foto que o Fabricio me mostrou de Bagan, com dezenas de balões sobrevoando os templos de manhã, já dá uma pista do que está vindo.
Para um país até pouco tempo fechado para o turismo independente, a infra é muito boa entre as principais cidades. Conexões de ônibus, hotéis, pousadas, restaurantes (mesmo em Mandalay), etc. Me surpreendeu positivamente. Custo não é alto ainda, mas longe de ser uma barganha. O que ainda é limitado é o número de opções de voos para o país, e é isso que pode ainda segurar um pouco essa invasão turística.
Bagan obviamente foi a atração número 1 do país, já expliquei o porquê. Eu particularmente gostei demais de Yangon, com seu templo maravilhoso. Tem gente que gosta mais de Inle Lake. Eu até gostei, mas confesso que esperava mais. Mandalay foi bem interessante para quem quer ver uma cidade maior, como vivem os locais, mas turisticamente falando, é a mais fraca das 4. Sei que há mais para ser visitado em Mianmar, ilhas, cavernas, trekking, mas infelizmente não deu desta vez, e não sei se haverá outra. A fila anda.
Uma coisa que já mencionei nos posts, mas deve constar do resumo de Mianmar é a questão da sujeira. Em todo o país ela se acumula em todo lado, nas cidades, na beira das estradas, nas encostas das montanhas, e infelizmente perto das atrações turísticas. É uma pena, eu lamento pois tenho certeza de que pode afastar muitos turistas.
Por tudo o que eu escrevi neste blog, dá para concluir que eu amei Mianmar, e é a pura verdade. No entanto, eu seria parcial e injusto se não comentasse sobre a situação dos muçulmanos, chamados rohingyas. São cerca de 1,3 milhão deles, mas apenas 40.000 têm nacionalidade birmanesa reconhecida. Não têm liberdade de transitar pelo país, têm que pedir permissão para casar e não podem ter mais de 2 filhos. Em que ano estamos mesmo? Até a super premiada com o Nobel da Paz Aung San Suu Kyi faz cara de paisagem quando tocam no assunto. Uma vergonha que não condiz com tudo o que eu vi e senti por lá. Só espero que isso seja coisa do governo atual, que está de saída, espero, e mude no futuro. Não posso ser hipócrita. Assim como não consigo ver a China de uma maneira positiva depois de ter visitado o Tibet, Mianmar deixou uma mancha difícil de remover.
Se estivesse escrevendo este blog na era do Khmer Vermelho, faria as mesmas restrições ao Camboja que fiz à Mianmar acima. Mas lá no Camboja é página virada, e espero que Mianmar acorde e mude esta realidade.
Camboja
Me lembro perfeitamente quando estive no Vietnam em 1994, e voei de Ho Chi Minh City para Vientiane, no Laos. O voo fez uma conexão em Phnon Penh. A cidade vista de cima era quase que um vilarejo, e o aeroporto era pequeno e rudimentar. Angkor naquela época era quase que proibida para turistas, pois o Khmer Vermelho ainda ocupava as matas perto dos templos, e atacava vez por outras. Então era o verdadeiro turismo de aventura. Por isso mesmo cortei o Camboja da minha lista na época. Mas sempre soube que era uma mancha no meu curriculum, e tinha que voltar um dia.
Agora vi que tudo mudou. Siem Reap me impressionou pela quantidade de turistas, e ainda em baixa estação. Pela infra que existe de hotéis, restaurantes, lojas, etc, dá para imaginar no que Siem Reap se transforma na alta estação. E quero estar longe. Mas Angkor é uma atração que tem que ser visitada por todos, um mega complexo de templos enormes, todos diferentes e fascinantes. Não dá para manter uma falha dessas no curriculum. É mais espetacular do que qualquer outra atração na Ásia. Pode perder em qualidade para a Cidade Proibida em Beijing, ou o Taj Mahal em Agra, mas pelo porte do complexo, qualquer um fica de queixo caído. O ponto baixo do local é a exploração sem parar dos turistas. Claro que não é exclusividade de Siem Reap, mas confesso que isso me incomoda muito.
Phnon Penh me agradou, mas por 1 ou 2 dias tá de bom tamanho. Como escrevi antes, uma cidade simpática, e para mim um dos maiores atrativos foi não ter a pressão dos locais sobre os turistas, como existe em Siem Reap. Pena que muitos turistas se restringem a visitar Siem Reap, e perdem a oportunidade de ver o Camboja mais autêntico, menos turístico.
Transporte é fácil e farto, tem hotel e pousada de todos os tipos e gostos, o Camboja não traz qualquer frio na barriga para um turista independente. Dois lugares somente não permite avaliar muito do povo. Em Siem Reap, a chateação de ter sempre alguém querendo te vender alguma coisa (a maioria ilegal) não existe em Phnon Penh. Então não dá para rotular todo o povo cambojano pelo o que acontece em Siem Reap.
Escolhi esses 2 países simplesmente porque era os que faltavam na minha lista no sudeste asiático. Mas certamente não deixam nada a desejar aos seus vizinhos. Não dá para comparar muito os países, e isso é o que me atraí muito nesta região, pois todos são diferentes entre si, têm cultura diferentes, cada um com sua história, enfim todos são interessantes. Não deixem nenhum de fora. Com esses 18 dias, já somo mais de 5 meses na região, e ainda falta muito para visitar. Não sei quando volto, mas certamente voltarei.
Malásia
Bem, foram apenas 2 escalas em Kuala Lumpur. Não dá nem para pensar em analisar o país desta forma. Já tinha estado na Malásia 2 vezes antes, e ainda falta muito o que conhecer. O que dá para escrever agora é somente sobre Kuala Lumpur, e já mencionei sobre o desenvolvimento da cidade, com ótima estrutura de transporte, hotéis, alimentação, etc. Não era o objetivo da viagem, mas ficou longe de ser motivo de qualquer reclamação. Parabéns para eles, que avançaram tanto.