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Yangon – a cidade do Shwedagon Paya

27 Nov

A chegada em Yangon foi surpreendentemente tranquila. Para quem esperava um controle rígido no aeroporto, em um país até poucos anos atrás fechado, e governado com mão de ferro, tive até um pouco de frio na barriga. Como descrito antes, não houve problema com o preenchimento incorreto do e-visa.

Mas o fato é que não deu problema algum, passamos rápido pela imigração, e fomos trocar dinheiro. O aeroporto é moderno, havia dezenas de turistas estrangeiros, todos embarcando em ônibus de turismo. Nós pegamos um táxi, foi fácil.

O aeroporto é longe da cidade, e o caminho passa pela periferia de Yangon. Não podia esperar nada muito diferente de passar por bairros menos desenvolvidos. mas o que aconteceu é que não havia iluminação pública alguma, e houve uma certa dificuldade em ir apreciando a vida como ela é. Achamos que estava assim pois era a periferia, mas continuou assim até chegarmos ao hotel, no centro da cidade, isto é, sem luz à noite na cidade toda. Claro que hotéis, restaurantes, mercados e alguns prédios tinham luz de geradores, e logo lembrei de Angola, onde não se vive decentemente sem gerador. E claro que nosso hotel tinha o seu gerador, o que nos garantiu uma noite bem dormida no ar condicionado.

Saímos para comer, e nos deparamos com as primeiras dificuldades. nenhum lugar à vista minimamente decente. Passamos por um mercado, mas nos recusamos à comer comida de mercado, e depois de algumas quadras, achamos um restaurante italiano super novo, limpo, atraente, que nos sugou. Ótima comida e bom descanso, pois o dia seguinte seria bem cansativo.

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O hotel, a rua do hotel, e o gerador do hotel.

Acordamos cedo e partimos para a atração principal da cidade, o Shwedagon Paya. No caminho deu para perceber que a cidade está em crescimento, com novos negócios surgindo por todos os lados. Claro que está à anos luz de Bangkok ou Kuala Lumpur. Mas ficou longe de passar a impressão do um lugar que parou no tempo, pelo contrário, a impressão é de um lugar que está acelerando para recuperar um longo tempo perdido.

Shwedagon Paya trata-se de um dos lugares mais sagrados do budismo, e minha ignorância sobre o local me fez cair o queixo quando entrei. Difícil de descrever. O stupa no centro atinge 98 metros de altura. Sua base é feita de tijolos cobertos com milhares de placas de ouro. É cercada por uma floresta de pagodes 64 pequenos “pagodões”, que formam um pequeno recinto, com 4 grandes templos localizados nos pontos cardiais. Na flecha encontra-se  uma espécie de coroa, chamado “hti” em birmanês, onde estão penduradas as 1065 sinetas de ouro e 420 de prata, e um catavento ornamentado com pedras preciosas. Ele termina com o “seinbu”, uma pequena esfera de ouro incrustado com milhares de diamantes incluindo uma esmeralda de 76 quilates.

Peguei a descrição no Wikipedia, para facilitar minha vida, mas o fato é que mais que tudo isso, este local é altamente ativo, estava apinhado de gente, e estimo que 98% de birmaneses, e 2% de turistas. Então fica muito mais interessante e emocionante. Pelas fotos deve dar para ter uma noção.

Pra começar, tivemos que comprar um sarongue, pois não era permitido entrar de bermudas. Fazia um calor insuportável, mas nem ligamos. Marcamos de ficar somente uma hora para visitar e acabamos ficando bem mais de 2 horas, pois vários pagodes por si só já valiam uma visita. Todos são diferentes, todos são lindos, todos são fotogênicos. Isso sem falar no povo, que só nos dava sorrisos, e nunca recusavam uma foto. Difícil de se achar assim por aí. Cada parada para foto era quase que um evento, birmaneses fotogênicos, ou birmaneses que queriam nos fotografar ou tirar fotos conosco. Sem falar nos detalhes de cada pagode, cada templo, uma overdose total. Não me lembro de ter sentido isso em outro lugar. Há atrações turísticas mais espetaculares, como o Taj Mahal, pirâmides do Egito, e outros, mas nenhum deles é tão ativo, e com tão poucos turistas ao mesmo tempo. Talvez por ter sido há pouco tempo, posso dizer que no Irã também acontece.

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Shwedagon Paya

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Overdose de pontos religiosos

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Vai tirar foto de que? De tudo…

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Além de religiosos, pedem pra tirar fotos de nós e conosco

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Local é bem ativo, em todos os sentidos

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Quantos detalhes…

Depois disso, qualquer coisa fica sem graça. E infelizmente deixamos para visitar logo depois o Chaukhtatgyi Paya, onde fica um buda deitado de 65m de comprimento. Realmente grandioso, mas depois do Shwedagon Paya, foi meio que um anticlímax. Além disso, o fato de estar vazio ajudou a dar esta falsa impressão. É que está longe de ser um local muito ativo, e muito turístico.

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Reclining Budha. Vejam os detalhes dos pés.

Voltamos para o hotel, almoçamos no nosso restaurante italiano, e partimos para o terminal de ônibus, de onde sairia nosso transporte para Inle lake. Pegamos um táxi que cruzou a cidade, do sul, onde fica o hotel, até 15 kms após o aeroporto, que já é na saída da cidade ao norte. Bem, chamar aquilo de terminal de ônibus não é nem exagero, é simplesmente um erro. A sede da empresa fica em uma loja, onde os passageiro ficam esperando o ônibus, que para em frente, carrega e vai embora.

O bom da história é que o ônibus era VIP, com 3 assentos por fileira, reclina bastante, tem bolinho, água, rodomoça, enfim, melhor do que nossos ônibus (que inveja…).

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JJ express

A parada à noite foi ótima, um Graal birmanês, cheio de restaurantes, cheio de ônibus e carros, uma festa. Bati um rango e fui me deitar. Só que a estrada tem uma subida longuíssima, já que Inle Lake fica à 900 metros do nível do mar. A estrada ali é estreita, cheia de curvas, o ônibus tem que subir em primeira marcha em vários locais, o acaba prejudicando um pouco o sono.

 

 

 

 
2 Comments

Posted by on November 27, 2015 in Mianmar, Myanmar

 

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2 responses to “Yangon – a cidade do Shwedagon Paya

  1. saiporai

    November 28, 2015 at 2:16 pm

    Que bom que é recordar pelas suas fotos e relatos. Yangon me surpreendeu muito, falavam que não era tão interessante e adoramos! Pelo jeito as coisas estão mudando rapidamente no Myanmar. Fiquei impressionado com tua descrição da cidade e com o ônibus moderno!
    Aguardando ansioso os próximos relatos

     
    • Africa Trip 2001

      November 29, 2015 at 9:20 pm

      Infelizmente foi rápido, somente um dia. Mas a impressão foi muito boa. E fiquei satisfeito por ter ido logo, em breve estará mais parecido com Phnom Penh ou Ho Chi Minh, bem mais desenvolvida, com todas as vantagens, porém com os problemas também. E com muito mais turistas, isso com certeza.

       

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