Acordamos não muito cedo, pois estávamos esgotados, então combinamos de conscientemente perder o melhor do mercado indígena de Saquisilí, que acontece bem no início da manhã. Ainda demos uma volta por Latacunga pela manhã, e pegamos o ônibus para Saquisilí, que fica à 25 kms de Latacunga. Sabíamos que o mercado acontece por setores, em diferentes partes da cidade. Há o mercado de animais, que na minha opinião deve ser o mais legal, o mercado de alimentos, de artesanato, para aqueles que querem souvenirs, e outros para compras dos locais. Chegando lá fomos direto para o mercado de animais. Já eram quase 10 horas da manhã, então o mercado já estava no fim. Tiramos algumas fotos do que restava, enquanto algumas negociações ainda aconteciam. Este é um mercado semanal, então tem uma importância grande na região. O outro mercado típico do Equador fica em Otavalo, ao norte de Quito. Lá é bem mais turístico, e já não sei se isso é bom ou não.
Quer comprar uma ovelinha?
Ou um porquinho?
De lá fomos para o mercado de alimentos. Bem típico local. Gosto de caminhar por estes mercados, apenas apreciando os vendedores, seus produtos e o clima de compras. Confesso que não me encheu os olhos, pois nem estava tão cheio quanto eu imaginava, e de lá partimos para os outros mercados.
Mercado de alimentos
Algumas quadras dali, ficava o mercado de artesanatos e roupas, incluindo barracas como a de chapéus indígenas, quase uma unanimidade entres as mulheres equatorianas.
Barraca de chapéus
Também havia barracas de roupas de frio, e muitas de comidas locais, onde acabamos comendo um peixe frito. Já estava na hora de partir para Quilotoa, mas tínhamos que retornar à Latacunga, onde tínhamos deixado nossas bagagens, e de lá pegamos outro ônibus para Quilotoa.
Roupas
Já era à tarde, e partimos para uma viagem de 2 horas entre Latacunga e Quilotoa. Quilotoa é um vulcão extinto, com um lago dentro da sua cratera. A vista lá de cima é fantástica, então muita gente vai lá só para ver a vista, tirar fotos e retornar. Alguns fazem este passeio saindo de Quito, outros de Latacunga. E alguns continuam o chamado Quilotoa Loop, que passa por alguns vilarejos, até chegar em Saquisilí e finalmente de volta à Latacunga. Dura de 2 à 3 dias, dependendo do transporte e do roteiro.
Nosso objetivo era dormir em Quilotoa e fazer um trekking no dia seguinte. Havia algumas alternativas, mas íamos decidir somente à noite.
A estrada passa ao lado da vila de Quilotoa, e saltamos do ônibus por ali. Havia um hotel bem em frente de onde saltamos do ônibus, então decidimos entrar e perguntar para que lado ficava a cratera, para não perdermos tempo indo na direção errada. Acabou que falamos com o dono do hotel, que era novíssimo, havia sido inaugurado há 40 dias apenas, e que perguntou se queríamos ficar hospedados lá. Isso seria contra os meus princípios, aceitar ficar no primeiro lugar que visitávamos, mas o hotel era muito bom, e depois de visitar os quartos, comecei a negociar com o dono. Acabamos conseguindo um preço de 20 dólares pela noite, jantar e café da manhã inclusos, o que parecia ser um achado. Havia um grupo de americanos almoçando, era quase 4 horas da tarde.
Acertamos com o dono, deixamos nossa bagagem por lá, e partimos para a cratera. Já fazia frio, o tempo estava bem fechado, mas não chovia, o que para mim já era lucro. O hotel ficava à uns 500 metros da cratera, e deu para ver claramente que a vila era recém construída. Suas ruas, praças e principais hotéis e restaurantes eram todos novos, e havia mais muitos prédios em construção. Isso é o que se pode chamar de mudança que o turismo traz. O que o pessoal local disse é que o Rafael Correa transformou a região, investindo em infra estrutura para transporte e turismo. Não havia muitos turistas, apenas algumas dezenas, e logo chegamos ao mirador do vulcão.
Vista do mirador
Tempo fechado e frio
Não tínhamos muito tempo antes de escurecer, mas resolvemos descer até o lago. A descida era muito acentuada, e o caminho estava todo enlameado. A maioria dos turistas alugam cavalos e burros para descer, mas não foi nossa opção. Como para descer todo santo ajuda, lá fomos nós. Não foi fácil, pois estava bem escorregadio, mas não podíamos deixar para o dia seguinte. Abriu até uma solzinho, durante alguns minutos, com direito à um arco íris.
Estrada para descer, bem enlameada
Apareceu o arco íris
Chegamos lá no pier, não havia mais ninguém. Ficamos de bobeira, tiramos fotos do lago, que aliás, tem uma água mal cheirosa, com umas algas esquisitas no fundo. Ah, e a água estava gelada, já que o vulcão é extinto.
Chegamos lá em baixo
O problema de descer tanto é que na volta tivemos que subir. A subida foi muito cansativa, já que é longa, o caminho estava enlameado, o frio aumentava com o cair da tarde, e estávamos praticamente sozinhos. Fomos em uma carreira só, sem paradas, o que quase me resultou em um infarto, mas chegamos. Logo que atingimos o cume, lá no mirador, as nuvens tomaram conta da cratera, e nos obrigou a ir em direção ao hotel, pois já não havia nada para ver. Claro que antes fomos tomar uma cerveja, até para comemorar o programa que tínhamos acabado de desfrutar.
Vilarejo novo
Nosso super hotel
Logo que chegamos de volta no hotel, constatamos que éramos os únicos hóspedes do hotel, o grupo de americanos tinha somente passado o dia por lá, e já tinha retornado para Quito. Com a neblina, o frio, e depois a chuva torrencial que começou a cair, e em um hotel fantasma, comecei a ter a sensação de que estava no filme “O Iluminado”, do Jack Nicholson. Descemos para jantar, e o cozinheiro, que era uma figura, fez um belo jantar para nós. Só aquele jantar já valia os 20 dólares que pagamos.
Outro detalhe : não havia calefação no hotel, apenas um aquecedor portátil no restaurante. Depois do jantar, com toda aquela chuva, e sem internet, não havia outra coisa à fazer se não dormir, antes das 9 da noite.