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Category Archives: Etiopia

Eritreia – Só conta lá em casa

Bem após 3 anos de pandemia, chegou a hora de botar o pé na estrada de novo. Meu amigo Guilherme, de Curitiba, me procurou dizendo que estava com o tempo para uma nova viagem, curta, de apenas uns 10 dias. Tínhamos algumas opções de destino dentre elas a Eritreia se mostrou a mais viável, até por conta de podermos tirar o visto mais facilmente. Então tratamos de operacionalizar essa viagem.

Tudo começou com ele contatando uma agência de viagens local. O visto on-line só pode ser obtido contratando a empresa a agência de viagens local, então decidimos fazer uma viagem de 7 dias na Eritreia. Normalmente os pacotes para Eritreia são de 4 dias porque eles normalmente bastam. Um dia e meio na capital Asmara, depois uma visita à uma cidade chama Keren, onde tem um mercado de animais e fica no interior,  no caminho para o Sudão e a outra se chama Massawa, que é uma cidade que fica no litoral do Mar Vermelho, uma cidade muito interessante, que já foi um porto super estratégico.

Agendamos uma viagem de 7 dias porque tínhamos a esperança de poder usar os últimos 2 ou 3 dias para visitar alguns monastérios no interior do país e também porque não fazia sentido sair de casa para passar apenas 4 dias na Eritreia. Como o país é pouquíssimo conhecido por aqui, eu resolvi não contar pra ninguém fora da minha família que eu estava indo pra lá (exceto o Leo e o Khouri, claro).

A passagem comprada foi pela Ethiopian Airways que há pouco se tornou a principal linha aérea da África. O aeroporto de Adis Abeba cresceu muito, e hoje é um grande hub da Ethiopian. Quando eu fui à Etiopia em 2011, o aeroporto me chamou a atenção, pois era pouco movimentado e sujo. Agora era bem grande, muito cheio, nada comparado à 20011. Nosso voo chegou lá às 7:30 da noite junto com dezenas de outros voos e íamos voar somente no dia seguinte às 9 da manhã. Então tivemos que passar a noite em Adis Abeba, só que assim como nós, praticamente todos os outros passageiros dessas dezenas de voos também precisam passar a noite lá. Saindo do aeroporto, no estacionamento, havia pelo menos umas 40 ou 50 vans, cada uma de um hotel diferente, para levar os passageiros em trânsito para hotéis pagos pela Ethiopian.

Como eu estive lá em 2011, deu pra sentir a diferença da capital.Em 2011, nós usamos o Hotel Sheraton para sacar dinheiro no caixa ATM e era praticamente o único hotel decente em Adis Abeba. Tivemos uma dificuldade grande em achar hotel bom, e onde ficamos nem era lá essas coisas. Desta vez tinha pelo menos uns 40 hotéis novos na cidade, as avenidas largas, todas novas, urbanizadas, enfim uma cidade completamente diferente da que eu visitei em 2011, uma transformação impressionante. Deve estar havendo uma enorme injeção de dinheiro de fora, pois a economia do país não justifica este salto tão grande.

Para entender a Eritreia é preciso conhecer o contexto do país. Não é tão simples assim um país que foi colonizado pelos turcos otomanos por cerca de 300 anos, e que foi depois ocupado pelos italianos que queriam algumas colônias naquela região da África. Os italianos tiveram a Somália, a Eritreia e a Líbia como colônias, e ao fim da segunda guerra os italianos, derrotados, deram o espaço para a entrada dos britânicos. Esses não ficaram muito tempo e logo houve uma resolução da ONU anexando a Eritreia à Etiópia, então simplesmente a Eritreia deixou de existir como país. Houve obviamente uma resistência e uma guerra pela Independência que foi decretada na década de 70. Quando parecia que ia se resolver, a Etiopia teve ajuda da União Soviética, o que prolongou o conflito até 1993, quando finalmente o ditador Mengistu fugiu do país, dando espaço para a tão desejada independência da Eritreia.

A paz durou pouco. Em 1998 começou uma guerra com a Etiopia, que durou 20 anos, e só acabou com a troca de governo da Etiopia. Este novo governo assinou um acordo de paz com a Eritreia. Porém, a população da região de Tigray, no norte da Etiopia, que governou o país por 30 anos, e em 2018 foi alijada do poder, começou um movimento de independência, que foi sufocado militarmente pela Etiopia, e com ajuda da Eritreia. Chegamos na Eritreia uma semana após o início de um cessar fogo, após 2 anos de conflitos. Ninguém sabe quanto tempo este cessar fogo vai durar.

Então pode-se compreender porque este povo é tão sofrido, após décadas e séculos de guerras, sem nenhum período minimamente longo de paz, e com isso consegue-se entender o porquê das fronteiras da Eritreia estarem fechadas até hoje. O país é totalmente avesso a  interferências externas, considerando que durante todos esses conflitos, nunca houve uma ajuda consistente de nenhuma outra nação à Eritreia.

Isso tudo explica a ausência quase total de turistas estrangeiros no país. Durante uma semana que ficamos lá, conseguimos contar nos dedos quantos turistas encontramos. nossa viagem então ficou dividida em 3 partes: primeira Asmara, a capital; segunda Keren; e a terceira Massawa, no litoral.

Já tínhamos lido um pouco sobre Asmara, então não foi uma surpresa total, mas confesso que não esperava uma cidade tão limpa, tão organizada, tão calma, com um ritmo de vida como se fosse feriado praticamente todos os dias. Não existe um sinal de trânsito na cidade, o tráfego realmente é muito limitado, nota-se que não existe muito dinheiro circulando pelo país. A cidade tem sua arquitetura italiana, no estilo arte decô e ela tem a felicidade de, apesar de todas essas guerras, não ter sido atingida por bombas em nenhum momento, isto é, todos os prédios foram preservados de bombas e tiros etc. No entanto, pela falta de investimento, os prédios não foram restaurados, e estão realmente num estado de abandono muito triste, mas que não impede de serem admirados. Não cansamos de passar em frente às construções mais icônicas e as admirado. Como dito antes, o povo tem um ritmo de vida muito mais lento e como não circula grandes quantias de dinheiro no país, a grande maioria trabalha como funcionário público ou no comércio, então muitos deles ficam indo de cafés em cafés tomando seus macchiatos e conversando sobre a vida alheia. A internet no país é totalmente limitada, durante uma semana que ficamos lá não conseguimos nem telefonar, nem acessar a internet. Eu só consegui uma vez mandar algumas mensagens de WhatsApp. Inclusive a Eritreia é um dos países com menor liberdade de imprensa do mundo.

Como falado antes, nós contratamos uma agência de viagens e um guia, o Mehertab, que foi nos pegar no aeroporto nos levou até o nosso hotel, que era bom, considerando o número de turistas que o país recebe. Rapidamente fizemos um City tour pela capital. Era um sábado o dia que chegamos, e o ritmo de vida já era mais lento do que o habitual em dias de semana. A cidade é muito interessante as atrações são os prédios antigos, muito bonitos apesar de mal-conservados, as pessoas, e os cafés. Uma coisa que nos chamou a atenção foi a proximidade da catedral, da sinagoga, da mesquita e da igreja ortodoxa, enfim nota-se que não há problema de conflito religioso no país. O Cine Roma foi o primeiro a ser visitado, dá pra ver pelas fotos o quanto de glamour ele já teve, mas agora não funciona mais. Uma pena!

A Harnet Ave. é simplesmente a principal avenida do país todo. Vejam a tranquilidade, e claro, a beleza. Suas palmeiras dão um toque pitoresco, e o principal comércio da capital está concentrado ali. Repito: não há sinais de trânsito em Asmara, simplesmente porque não há necessidade.

Harnet Ave

A Catedral Nossa Senhora do Rosario, de Asmara. Muito linda. Neste dia estava fechada, mas depois conseguimos entrar.

O bairro do lado oriental da Harnet Ave. é bem chique, as casas são grandes, quase todas com árvores lindas, e quase não se vê tráfego. Então, era uma delícia caminhar por ali.

Existe um Centro de Reciclagem, onde eles reciclam literalmente tudo. É impressionante a habilidade e criatividade de como eles conseguem aproveitar qualquer rejeito, principalmente de metal, em objetos úteis, e vendáveis, já que o objetivo é vendê-los, e existe um mercado enorme pra isso. Os produtos são inclusive vendidos em outras partes do país. Esses centros ficam cheios todos os dias, e essa “profissão” é passada de pais para filhos. Só lamentei ter visto muitas crianças trabalhando ali, mas posso afirmar que é uma minoria no país.

Um capítulo à parte foi o nosso guia Mehertab, um senhor de 63 anos muito culto, muito educado e que fez o máximo para nos proporcionar excelentes experiências e contar o máximo possível da história do país e da situação atual. Enfim, valeu muito mais do que a pena termos a companhia dele para.

Outra coisa pra registro: o ciclismo é o esporte nacional da Eritreia. Impressionante a quantidade de ciclistas treinando nas ruas e nas estradas, e todos com bicicletas de corrida, muito bem aparelhados. Essa foto abaixo é de uma competição no domingo, na Harnet Ave., interditada para a prova. Não causou nenhum engarrafamento!

Outra coisa que nos chamou à atenção foi o cemitério de tanques, que fica nos arredores de Asmara. São centenas deles, das últimas guerras, a maioria de origem russa, que foi quem apoiou a Etiopia. Não é para ser uma atração turística, mas pelo inusitado, vale à pena visitar.

Asmara já estava vista, era hora de irmos para o interior e o litoral.

 
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Posted by on April 10, 2023 in Eritreia, Etiopia

 

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Etiopia – consideracoes finais

Bem, chegou a hora de deixarmos a Etiopia. Vamos amanha a tarde de aviao para Nairobi, e de la pegaremos um onibus para Kampala, capital de Uganda. Ainda nao sabemos se vamos no onibus noturno ou diurno (no dia seguinte). De qualquer forma, amanha estaremos em transito, portanto vou tentar dar noticias de Kampala, assim que puder.

Hoje passamos um domingo tranquilo, bem light. Saimos para trocar dinheiro, e depois fomos visitar os 2 melhores museus de Addis. Primeiro o Etinological Museum e depois o National Museum. Bem interessantes, bastante historia da Etiopia (inclusive vimos a Lucy). Neste ponto, a Etiopia e’ bem rica. Pela posicao geografica, foi alvo de varios invasores durante a historia. Nao e’ a toa que hoje parte da populacao e’ crista ortodoxa, parte e’ muculmana e existe uma minoria de judeus etiopes (muitos foram para Israel em 1999). O espirito pacifico e’ antigo, por isso que em cada invasao, na verdade o invadido (e perdedor) nao foi expulso, nem teve sua fe’ abafada. O resultado disso e’ uma convivencia super tranquila entre religioes diferentes, que em outros paises da’ margem a varios conflitos.

Depois passeamos pela cidade, fomos andando de norte a sul, quando a chuva permitiu. Alias, choveu em todos os dias que estivemos aqui, mas devo admitir que nao atrapalhou muito, somente naquele passeio das cataratas, e hoje pegamos um pouco de chuva na rua. No mais, tudo OK. A cidade e’ bem espalhada, e fora a regiao em que ficamos, que e’ bem central e confusa, a outra parte (sul) e’ de avenidas largas, predios melhores, bem mais agradavel.

Jantamos no hotel, que alias e’ bem maneiro, tem uma area externa bacana e um restaurante bem tradicional. Experimentamos a comida etiope hoje, que ‘e feita a base de enjeira. Um pao meio esponjoso, verde, que acompanha carnes, vegetais, ou qualquer outro prato. Nada demais pro meu gosto, mas tinhamos que provar. Principalmente agora que estou 100% (as pilulas que o espanhol me deu duraram 4 dias). Outro ponto forte do hotel e’ o acesso a internet, como ja’ deu pra perceber. Da’ pra postar quase todos os dias.

Saimos daqui com uma otima impressao do pais. Apesar de toda a miseria, e sujeira, o povo e’ espetacular, muito simpatico. Claro que tem aquelee que enchem o saco pedindo tudo, outros que so’ querem tirar vantagem. Mas isso e’ comum em varios paises pobres. Aqui nao seria diferente. mas a indole do povo e’ super positiva, todos querem ajudar os turistas, e o sentimento de seguranca e’ geral, nao tivemos medo em nenhum momento. A parte da historia, como ja disse, e’ riquissima, e a impressao foi melhor do que imaginavamos. O custo e’ bem baixo, seja de hoteis, alimentacao, transporte, etc. Outra coisa e’ que aqui encontramos gente interessante, que para estar aqui, tem que ter pelo menos um parafuso a menos (como nos). Muitos envolvidos em trabalhos voluntarios, outros que escolhem a Etiopia porque queriam um destino bem exotico, diferente, e que ao mesmo tempo seja bem seguro. E’ isso ai, da’ pra levar bons papos de vez em quando.

Agora vamos passar a fase 2 da viagem, Uganda e Ruanda. Serao 12 dias nestes 2 paises, esperamos ver paisagens belissimas, lagos e montanhas, e pretendemos ficar o menor tempo possivel nas grandes cidades.

 
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Posted by on August 28, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Harar – a cidade que nao estava no mapa

A etiopia tem mais de 50% da populacao crista ortodoxa e quase 40% de mucumanos. Harar fica na area muculmana. A cidade e’ pequena, e tem uma medina, que e’ uma cidade velha, cercada por muralhas. A de Harar tem 6 portoes. Chegamos de aviao em Dire Dawa, e dela’ pegamos uma van, que demorou 1 hora pra chegar. Tinham 17 pessoas de novo, mas desta vez so’ 1 pessoa vomitou.

A primeira coisa que notamos e’ a ausencia de turistas. Vimos pouquissimos. Uns 4 na chegada a praca principal, e depois uma meia duzia a noite, no ponto alto da visita, que vou descrever mais tarde. A cidade e’ uma mistura perfeita de Africa com Oriente Medio. mas infelizmente com o pior dos 2. A cidade murada e’ bem tipida arabe, com ruelas estreitas, subidas e descidas, labirintos, da pra se perder rapido. Ai entra a parte africana. Nas ruelas principais e’ um verdadeiro mercado africano, com uma multidao, comida e lixo pra todo o lado.Vendem de tudo, vimos ate venda de garrafa pet vazia. Sera comico se nao fosse bem tragico.

Sem falar nos mendigos. A higiene e’ abaixo de zero, a vontade e’ de jejuar por uma semana. Acho que ja estamos ficando um pouco anestesiados ao ver tanta miseria e sujeira, mas sempre ha alguma cena que nos surpreende. Chama a atencao o numero de pessoas que ficam deitadas na rua, as vezes quase todas cobertas, da pra ver que e’ um ser humano pois as vezes tem um pe’ ou uma mao pra fora. Acho que eles sao resignados com o destino deles, nao ha esperanca de que algo vai mudar suas vidas. Por isso que tanta gente nos pede algo. Eles nao sao mendigos de carreira, apenas veem uma oportunidade de ganhar algo, um dinheiro, um alimento, uma caneta, ou qualquer coisa.

Era sexta feira, que e’ o domingo dos muculmanos. E alem do mais estamos em pleno ramadan, o mes sagrado dos muculamnos, quando nao se come nada desde o nascer ate o por do sol. Pensei que por isso as ruas estariam vazias, sem comercio e movimento. Tolinho eu. Um super movimento. Dizer que Harar ainda nao esta’ no seculo 21 e’ uma injustica com o seculo 20. A unica coisa que lembra o seculo 21 e’ a telefonia celular, e o seculo 20 sao poucas. Dentro da cidade murada sim, parece o seculo 15 ou 16. me recordo da cidade murada de Fez, no Marrocos, acho que a mais tradicional ou original de todas as medinas. Mas la’ e’ bem mais limpo e organizado, comparando com Harar, e’ claro.

A noite entao veio o ponto alto. Nosso guia local, o Daniel veio nos buscar as 6 e meia, cruzamos a cidade murada, saimos pelo outro lado, passamos por mais ruas que pareciam favelas ate chegarmos em um terreno baldio, onde outros turistas ja’ estavam de pe’. Veio um negao colocou um pano no chao, ajoelhou nele, tinha uma cesta na mao. Comecou a dar uns gritos estranhos, e logo apareceram 3 hienas. Ele comecou a dar pedacos de carne na boca delas. Depois vimos que eram na verdade 6 hienas. O show continua um pouco ate que um dos turista e’ chamda a se ajoelhar no pano, e ele mesmo alimentar as hienas. Um pedaco de pau, com a carne na ponta. Elas vem e pegam a carne. Depois ele botou o pau na boca (no bom sentido), com a carne na ponta, e continua a alimenta-las. Tudo isso regido pelo negao.

Proximo da lista foi o Leo, que cumpriu bem seu papel. So que o negao colocou um pedaco de carne nas costas dele (no bom sentido de novo, por favor), e a hiena veio com tudo, com 2 patas nas costas dele, sem ele ver (no bom sentido, de novo). Foi um super susto. Pra terminar, foi a minha vez. Tudo documentado com fotos. Nao adianta dizer que usamos photoshop, pois nao isso aqui na Etiopia. Na verdade ja sabiamos deste show, ja tinha visto fotos e ate filme na televisao, e tambem no blog do Guilherme. Entao estava meio que preparado. As hienas pareciam bichos de estimacao, mas ficava sempre me lembrando que eram hienas de verdade. Acho que esta’ no top 3 da Etiopia ate’ agora, junto com Lalibela e o palacio de Gonder.

Nao vai faltar gente perguntando porque estou aqui, com tanta miseria, sujeira e alguns perrenges. Acho que nossa cabeca e’ formada por informacoes que recebemos dos pais, da escola, de amigos, de livros, televisao, filmes, e claro de experiencias pessoais. Pra mim, esta viagem e’ um complemento, sou curioso de ver como vivem, como pensam outros povos. Tem sido uma licao de vida. E o povo etiope e’ super pacifico, conformado, educado e simpatico, guardadas as devidas circunstancias em que se vive por aqui.

O titulo deste post se refere ao fato de que Harar nao estava no meu mapa da viagem, pois nao estava previsto virmos para ca’. E nao esta’ no mapa da maioria dos viajantes, que preferem o circuito historico do norte (o mesmo que fizemos) e o do sul (que nao fizemos), que trata de visitar tribos.

 
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Posted by on August 27, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Miscelaneas

Bem, aqui na Etiopia para usar a internet tem que ser rapido. Se for no hotel de Addis, tem sempre uma fila de viajantes querendo usar, fazendo pressao. Se for em algum cyber, a conexao cai, ou as vezes uns sites funcionam, e outros nao. Entao as vezes acabo um post, e depois de sair do computador eu lembro de coisas que nao escrevi.

Uma delas, referente a viagem de onibus de Bahir Dar para Addis e’ que a programacao cultural foi intensa. Durante 9 das 10 horas da viagem, a televisao mostrou videoclips, novelas e ate filmes em amarico. O problema foi o volume, tao alto, que impossibilitava qualquer outra atividade, como dormir, ouvir musica e conversar com o Leo. A buzina do onibus tem um volume compativel, mas neste caso e’ para tirar os animais (e humanos) que ficam de bobeira no meio da estrada. Acho que eles primeiro vao na loja escolher a buzina, e depois compram o resto do onibus.

Outro detalhe e’ com relacao aos animais. Os etiopes simplesmente amarram a cabeca dos cavalos a uma das patas dianteiras, para que eles nao fujam. Ou eles ficam abaixados pastanto, ou para levantar a cabeca tem que ficar com a pata levantada. Uma tortura. E isso e’ geral, vimos em todo o pais. Como a populacao e’ muculmana ou crista ortodoxa, nao ha porcos no pais. Logo aqui que seria um paraiso pra eles (sem brincadeira).

Sobre os aeroportos da Etiopia, alguns comentarios : os banheiros sao horriveis, os piores que ja vi. O pior de todos, por incrivel que pareca e’ o do terminal internacional de Addis. Nao da’ pra entrar. Ja’ os voos da Etiopian Airlines foram impecaveis, todos sairam ou na hora certa, ou adiantados. Alias, am Axum ficamos de papo com aquele casal americano, e quase perdemos o voo. Perguntamos varias vezes sobre o voo para Gonder, os funcionarios sempre dizendo que nao era, e de repente a sala de embarque estava vazia, a porta de embarque trancada, e todo mundo sentado dentro do aviao. Passamos um pouco de vergonha. Mas como atenuante o aviao estava 15 minutos adiantado, e foi erro de informacao deles.

Alias, ha outra coisa que nos marcou aqui. Em todo lado, os etiopes dao informacao ERRADA com a maior conviccao. E’ impressionante, acho que de cada 20 vezes que perguntamos algo, em todas eles respondem com conviccao, e em 19 estao errados. Motorista de taxi entao e’ 20 em 20.

 
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Posted by on August 27, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Mercado de Bahir Dar e volta para Addis

Ontem a tarde eu tinha encerrado o capitulo de Bahir Dar. Pois e’, foi precipitado. Eram 4 horas da tarde quando publiquei o post. Depois fomos dar uma volta no mercado da cidade. O que poderia ser pior do que o Merkatto de Addis? O local. Em Addis, pelo menos, aquele circo de horror era em ruas asfaltadas (as ruas principais, claro). Em Bahir Dar, eram ruas de terra (bem, originalmente de terra). Com as chuvas que caem diariamente, e com a sujeira excessiva, aquilo se tornou um charco. Entre a rua principal e as “lojas” tinha um valao, de esgoto in natura. Detalhe : as pessoas vendem ALIMENTOS ao lado, em cima de uma lona colocada no chao. E’ o climax da situacao sanitaria. Ainda bem que tiramos fotos para provar… Assim que puder vou colocar as fotos de tudo, eu aviso.

Nao ha qualquer preocupacao de ninguem, em qualquer nivel, de higiene. Eu estava tomando todos os cuidados com a alimentacao, mas quem sabe como a xicara de cha e’ lavada? Ou o prato de macarrao sem molho? Enfim, a contaminacao pode estar em qualquer lugar. Ontem encontramos um espanhol ripongo no hotel, ficamos de papo com ele, e no final ele me deu um comprimido para a diarreia, que funcionou perfeitamente. Ja passa de 24hrs, e nada mais aconteceu. Tudo bem que fiquei de castigo no cha, agua, banana e cream crackers.

A viagem de hoje de Bahir Dar para Addis, de onibus, normalmente nao deveria merecer nenhum comentario. Mas merece. Chegamos as 4:40 para pegar o onibus, que saiu as 5:50. Detalhe : era a companhia de onibus mais chique e cara. O onibus era daqueles tipo frescao, com AC (teoricamente), e estava cheio. Partimos ainda no escuro.

Logo comecou a aparecer a resposta para a pergunta que eu tinha feito ha alguns dias. Onde estao os mais de 70 milhoes de Etiopes que nao moram nas cidades? Bem, o onibus passa por centenas de pequenos vilarejos, em todos eles a situacao e’ a mesma : pessoas, muitas pessoas andando na beira da estrada, na verdade na estrada (parece uma procissao, mas nao e’), varios animais, rebanhos mistos, isto e’, com cavalos, bois, cabritos, burricos, cachorros, e afins. O motorista tinha um estilo agressivo de dirigir, vinha como um louco, buzinando, quase atropelou pelo menos uns 100 animais e 200 humanos. Parecia um video game, e ele no final da viagem atingiu o ultimo estagio. A maioria das pessoas anda carregando algo, muito peso. Em grande parte das vezes e’ lenha.

Isto merece outro paragrafo. A questao ambiental. Nao ha qualquer preocupacao com ela, vimos desmatamentos incriveis, varios deles acontecendo enquanto passavamos. Um super problema aqui e’ a erosao. Em todos os rios ou riachos que vimos desde o primeiro dia ha erosao, e nao e’ pouca. Conhecemos um grupo de estudantes que esta’ trabalhando em um projeto para conscientizar a populacao com relacao ao desmatamento. A situacao e’ grave.

Depois de 2 horas e meia, o Leo foi perguntar sobre o banheiro (sim, o onibus tinha banheiro, ainda bem hehe), e o auxiliar do motorista disse para ele esperar um pouco. Achamos que ele ia dar a chave do banheiro, quando o onibus parou na beira da estrada e, e’ isso mesmo, aquela era a parada para o banheiro. Que cena! Varios passageiros desceram do onibus, uns para fazer o numero 1 e outros para o numero 2. Atras das moitas, e’ claro. A caixa com o lixo do onibus foi imediatamente atirada no mato.

Como o motorista ia desviando das pessoas e animais abruptamente, eu comecei a ficar enjoado. Infelizmente minha vizinha de tras tambem, e vomitou na mesinha que fica em frente a poltrona, na sua roupa e no corredor do onibus. Ainda bem que tinhamos pego aquela van onde 4 pessoas vomitaram simultaneamente. Tiramos essa de letra.

A segunda parada foi em um vilarejo, num lugar onde cabiam apenas 2 onibus. Nao vou me ater as condicoes do restaurante e do banheiro, apenas ao fato de que havia varias pessoa querendo entrar naquele espaco onde estavamos, a fim de vender ou pedir algo. O que chamou nossa atencao era um cara com um chicote enorme, literalmente espantando as pessoas com chicotadas de verdade. Caraca!!! A terceira parada foi igual a primeira.

Outro detalhe : vimos pouquissimos carros, e a consequencia disso e’ que quase nao ha postos de gasolina. Impressionante e’ que nao vi quase nenhuma moto no pais. Moto normalmente e’ o primeiro veiculo de quel ganha algum dinheiro e precisa se locomover. Aqui nao ha. Outra coisa que reparamos : mais de 95% das pessoas nesses vilarejos andam descalcas. Acho que nao e’ por opcao.

Bem, a viagem durou 11 horas, chegamos bem em Addis. Passamos por um grande canion, realmente lindo. Deve ter uns 800 m de altura. Foi a parte mais bonita da viagem.

 
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Posted by on August 25, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Bahir Dar

Bahir Dar fica na beira do Lago Tana. E’ chamada de Riviera da Etiopia. A cidade ate’ que tem seu charme, a avenida principal tem um canteiro central, e muitas palmeiras. Mas ela tem em comum com outras cidades da Etiopia o seguinte fato : basta ir pra rua de tras, que a situacao muda, e so’ tem barraco, e aquela pobreza tipica. O pessoal daqui faltou a aula de estrutura de barracos, a maioria e’ inclinado, quase caindo.

Ontem a tarde fomos ver uma cahoeira chamada Blue Nile Falls. Fica a 35 km daqui. Fomos no final de tarde, pois a van tinha que encher, claro. Resultado : caiu um toro’ daqueles, e resolvi ficar no carro, pois seria um programa de indio tipico, andar meia hora na chuva e na lama, tirar algumas fotos e voltar mais meia hora. Ainda bem que o Leo foi, tirou varias fotos, e assim fiquei conhecendo hehe. Na volta o toro’ virou diluvio, e foi dificil ate’ para voltar para o hotel de van. Nao parou de chover mais.

Ainda bem que estamos em um hotel na beira do lago, com muito verde, bacana, pena que nao sofre uma reforma ha pelo menos 35 anos. So’ ficamos la’ pois quando chegamos para checar vimos 2 funcionarias limpando o quarto, elas demoraram mais de meia hora. Psicologicamente achamos o quarto limpo…

Hoje acordamos cedo, tomamos cafe no restaurante a beira do lago (bem romantico), e depois fomos em um passeio de barco por algumas ilhas do lago, onde ficam monasterios construidos no seculo XIV. Os monasterios sao maneiros, uma construcao circular, todos pintados por dentro com tinta natural, pinturas do cristianismo ortodoxo. Sao mais de 20, mas visitamos apenas 2, pois todos sao muito parecidos. E’ a tracao principal daqui. Tinham 11 pessoas no barco, nos 2 e mais 9 espanhois. Batemos longos papos, pois o passeio dura umas 6 horas. Numa das ilhas que chegamos, o monasterio estava fechado, e tivemos que voltar pro barco. Quando estavamos entrando no barco, eu disse ao Leo que senti algo estranho na barriga, talvez tivesse que ir ao banheiro. Antes mesmo de perguntar ao guia quanto tempo teriamos ate o proxima ilha, eu dei meia volta, e perguntei pros caicaras onde ficava o banheiro. Me apontaram para um mini barraco, com um buraco no chao. Quase nao deu tempo de chegar no barraco. Eu ontem mesmo tinha dito que a diarreia viria com certeza, so’ nao esperava que chegasse tao rapido. Agora comprei umas bananas, tomei muita agua, cha, e comprei algumas velas, pois terei que rezar para amanha, na viagem de 11 horas de onibus ate Addis eu nao passar por nenhuma situacao mais constrangedora ainda.

Terminamos hoje o circuito hsitorico pelo norte da Etiopia, fizemos quase tudo que planejamos, faltou so’ a s Simen Mountains, mas esta estava nos planos apenas passar de onibus. Descobrimos que para ir aos lugares com as melhores vistas, teriamos que ficar pelo menos 2 dias dentro do parque, e ai nao poderiamos mesmo. Agora voltamos pra Addis, e vamos visitar o leste, parte muculmana da Etiopia.

 
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Posted by on August 24, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Viagem Gonder – Bahir Dar

Hoje viemos para Bahir Dar. Normalmente eu so’ postaria algo depois de visitarmos tudo que tem por aqui. Mas a viagem de Gonder ate’ aqui ja’ vale um post por si so’.

Bem, como disse antes, nao conseguimos em barcar ontem, e ficou para hoje cedo. Acordamos as 4 e 15 da matina, aprontamos tudo e fomos para a estacao de onibus. Antes de chegar, fomos abordados por uma van, que ia para Bahir Dar, e nos cobrava o preco justo. Resolvemos entrar.

Bem ai comeca este caso. Normalmente a capacidade e’ de 11 pessoas, mas eles queriam mais. Ficaram rodando pela cidade, tudo escuro (nao tem iluminacao publica), ate conseguir 17, e ai sim partimos. Claro que nao entendiamos nada que falavam, mas notamos que comecou uma discussao dentro da van, que quase acabou em feridos, pois um dos envolvidos estava com um tipo de punhal na mao. Depois deste pequeno episodio, em um trecho com algumas curvas, 4 comecaram a vomitar simultaneamente. Imaginem o cheiro. Abriram as janelas para melhor a caatinga, mas fazia um frio de doer (estamos a mais de 2.000 m de altitude).

Uma coisa que me impressionou e’ que nos 178 km de estrada asfaltada, nao vimos NENHUM carro, somente vans, onibus e caminhoes. E claro, muitos animais, carrocas (no sentido literal da palavra), gente conversando, tudo isso NO MEIO da estrada.

A Etiopia tem 85 milhoes de habitantes. A maior cidade e’ Addis, que tem 3 milhoes. A segunda e’ Dire Dawa, que tem 350.000. As outras sao todas menores. Pergunta que nao queria calar : onde esta’ o resto da populacao? Resposta : 85% e’ rural, vive no campo, e cada familia tem uns 10 filhos, para ver quantos vingam, e esses vao ajudar na agricultura, que e’ 100% manual. Aqui dizem que e’ o pais com a maior taxa de natalidade no mundo. Aonde isso vai chegar?

 
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Posted by on August 23, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Gonder

Hoje pela manha viemos de aviao para Gonder. A cidade e’ feia, porem mais rica que as outras, e maior tambem (200.00 hab). A grande atracao daqui e’ uma area de 7.000 m2 onde ficam alguns castelos de um imperador Fasil. E’ realmente bem lindo, porem em 2 horas ta mais do que visitado. Como amanha vamos para Bahir Dar, que fica na beira do Lago Tana, pensamos em ir hoje mesmo. A rodoviaria daqui e’ surreal, centenas de agricultores e gente a toa, quando chega um onibus ou van, e’ um avanco geral, que da ate’ medo. Nao conseguimos transporte pra la’, vamos ter que dormir aqui mesmo e ir amanha.

Por enquanto a viagem esta’ super tranquila, estamos ate’ nos sentindo culpados por termos feito todos os trechos de aviao. Mas e’ que alem de ser barato voar, as distancias sao enormes, as estradas ruins, e o transporte publico (vide hoje) e’ precario. Acho que de Bahir Dar para Adis esxistem linhas de onibus um pouco melhores. Vamos ver.

Ainda nao tivemos problema com a comida ou agua, mas a situacao sanitaria aqui e’ menos que precaria. Quase todos os turistas reclamas de ter passado mal, a duvida nao e’ se vamos passar mal, e sim quando.

Preciso mencionar que quando visitamos as 11 igrejas de Lalibela, foi necessario tirar os sapatos. Ja imaginava o que poderia ocasionar entrar de meia em um lugar daqueles, e hoje finalmente eu achei uma pulga dentro da minha bota. Vou dar uma super desinfetada nela (na bota), mas ja coloquei-a de quarentena, talvez ela nao saia mais do pais (hahaha).

Outra coisa que impressiona no interior e’ o numero de turistas. Fora uns mochileiros guerreiros como nos, nao se ve nenhum. Tudo bem que a Etiopia nao esta na lista de lugares a serem visitados por brasileiros normais, mas fica perto de Europa, e’ barato e cheio de historia. Uma pena.

 
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Posted by on August 22, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Axum

Bem, saimos de Lalibela rumo a Axum. Fomos de aviao, e’ claro. Ja’ expliquei o porque. Axum e’ simplesmente sede de um imperio que data do 400 AC, foi o centro de varias rotas de comercio, e muito importante. E’ claro que com huerras, e invasoes (principalmente pelos arabes), acabou megulhando em um periodo de trevas. Hoje e’ apenas local de varias ruinas de palacios, momumentos e tumbas. Pra quem gosta de pedra, e’ um prato cheio. Cheio de historia.

A camera do Leo (jurassica, por sinal) comecou a falhar em Lalibela, e ele acabou comprando uma nova. Na Etiopia!!! Retrato do desespero. Conhecemos um casal de americanos, bem viajados, ela mora em Addis ha 2 anos, e ele trabalha no Banco Mundial. Jantamos juntos, foi otimo o papo.

Axum nao e’ imperdivel, mas fica no circuito historico, entao valeu a visita.

Nossa ida para Gonder por terra ficou em suspenso, pois em epoca de chuvas a estrada, que normalmente ja’ ‘e horrivel, fica pior ainda. Os americanos tinham vindo de la’, e nao recomendaram a viagem por terra, apesar de passar pela cadeia de montanhas Siemen, dizem que e’ lindissimo. Acabamos comprando um bilhete de aviao mesmo. Com mais 1 dia que ganhamos, resolvemos visitar Harar, que fica no leste da Etiopia (de aviao, e’ claro). Vai sobrar 1 dia e meio em vez de 2 e meio.

 
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Posted by on August 22, 2011 in Africa, Etiopia

 

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Lalibela

Lalibela e’ uma cidade perdida nas montanhas do norte da Etiopia. Quando Jerusalem foi tomada pelos mulcumanos, resolveram construir aqui uma Nova Jerusalem. Construiram em Lalibela 11 igrejas ortodoxas, 4 delas monoliticas, isto e’, esculpidas em uma rocha so’, e as outras 7 semimonoliticas, so’ parte fora da rocha mae. Mesmo ja’ tendo visto antes filmes e fotos do lugar antes, aqui ao vivo e’ competamente diferente. Os guias dizem que e’ a maior atracao turistica da Etiopia. Pode ser.

Para chegar aqui de Addis sao 2 dias de carro, e para ir para Axum, mais 2 dias. Por isso fizemos de aviao. Mas mostra como o lugar e’ isolado de tudo.

Hoje e’ sabado, e dia de mercado. Essa regiao e’ povoada com cristaos ortodoxos, eles amanha terminam 2 semanas de fastio, portanto o mercado hoje era mais especial. Vende-se de tudo, tudo mesmo. A primeira parte era a de animais, depois graos, sapatos, roupas, etc. Vem gente de toda a regiao, gente que anda 25 km pra vir e 25km pra voltar. Me senti dentro de um episodio do Discovery Channel. Vou postar fotos depois, mas e’ dificil imaginar o lugar.

Uma coisa que incomoda demais aqui e’ que TODO mundo e’ necessitado, ou e’ pobre, ou e’ miseravel. A cada minuto encosta alguem pra conversar, e existe uma pequena variacao no papo, mas o final e’ sempre o mesmo : pedir dinheiro. Ontem fomos conhecer a casa (se e’ que da’ pra chamar aquilo de casa) de 2 garotos. Eles ofereceram mostrar a cerimonia de fazer cafe, que e’ bem tipica por aqui. Deu pena, e antes que eles pedissem algo, nos resolvemos pagar o mes de aluguel da casa. O Leo trouxe umas 10 pecas de roupas infantis para dar, e agora eles estao do lado de fora do cyber para receber. Realmente, da pena, eu insito em conversar com todo mundo, mas da’ uma mistura de raiva com pena mesmo, quando a conversa descamba pro pedido de dinheiro. Ao contrario do Merkatto de Addis, aqui tem mais turistas. Mesmo o mais mochibento dos mochileiros pra eles parecem milionarios, por com certeza tem mais do que qualquer um aqui. Eeles colam mesmo pra pedir dinheiro. Se nao for incisivo na negativa, eles te perseguem por muito tempo.

Uma coisa que incomoda demais aqui e’ que TODO mundo e’ necessitado, ou e’ pobre, ou e’ miseravel. A cada minuto encosta alguem pra conversar, e existe uma pequena variacao no papo, mas o final e’ sempre o mesmo : pedir dinheiro. Ontem fomos conhecer a casa (se e’ que da’ pra chamar aquilo de casa) de 2 garotos. Eles ofereceram mostrar a cerimonia de fazer cafe, que e’ bem tipica por aqui. Deu pena, e antes que eles pedissem algo, nos resolvemos pagar o mes de aluguel da casa. O Leo trouxe umas 10 pecas de roupas infantis para dar, e agora eles estao do lado de fora do cyber para receber. Realmente, da pena, eu insito em conversar com todo mundo, mas da’ uma mistura de raiva com pena mesmo, quando a conversa descamba pro pedido de dinheiro. Ao contrario do Merkatto de Addis, aqui tem mais turistas. Mesmo o mais mochibento dos mochileiros pra eles parecem milionarios, por com certeza tem mais do que qualquer um aqui. Eeles colam mesmo pra pedir dinheiro. Se nao for incisivo na negativa, eles te perseguem por muito tempo.

A infraestrutura daqui e’ super precaria, mas tem alguns europeus mais ricos que ficam no melhor hotel da cidade, e veem tudo de carro com AC e guia. Da’ pra fazer, mas e’ um tal de sobe e desce par ver as igrejas, que precisa ser um atleta (mesmo que fora de forma) pra conseguir ver tudo. Comemos em um restaurante de um hotel, a comida e’ mais ou menos.

Essa noite eu dormi 12 horas seguidas, pois estava no atraso mesmo. Caiu um diluvio de madrugada, parecia que o mundo ia acabar, mas nao choveu nenhum dos 2 dias. Com certeza o tempo nao atrapalhou ainda. Amanha e’ dia de voar para Axum.

 
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Posted by on August 20, 2011 in Africa, Etiopia

 

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