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Para finalizar, um trekking

27 Apr

Tínhamos mais 3 dias em Asmara, pois não conseguimos realmente autorização para nem chegar perto dos monastérios. Então decidimos fazer um trekking pelas montanhas, junto com nosso guia. Ele conseguiu o carro, pagamos um extra pra ele, e partimos para o local escolhido. Fica na estrada que nos levou à Massawa. Deixamos o carro ali, e caminhamos algumas horas pelas encostas. Não foram muitas subidas e descidas, o objetivo foi apenas nos deliciar com as vistas espetaculares. Levamos um lanchinho, pois ninguém é de ferro.

Na último dia em Asmara, tratamos de rodar de novo pela cidade, desta vez sem pressa, sem guia, parando em todos os lugares que tínhamos gostado. Um deles foi um local onde a galera joga uma espécie de sinuca, boliche, assiste à televisão, e claro, toma muito café.

O nosso café preferido em Asmara foi o Sweet Asmara Caffe. Eu não curto muito café, mas ali tinha uma confeitaria com os melhores doces, e foi nosso point de pit stop várias vezes.

No último dia, antes de irmos para o aeroporto, o dono da agência nos convidou para almoçar em um restaurante local. Eu ainda sofria um pouco do estômago, então deixei para eles o prato típico da Eritreia, um tsebhi com injera. Tsebhi é uma espécie de guisado, e injera é pão achatado feito de teff, trigo ou sorgo. O Guilherme “estômago de aço” traçou quase tudo.

Foi bem agradável, um papo ótimo sobre a situação do país, a guerra, as perspectivas, e claro, a visão dele da política. Foi bom pra perceber que nem todo mundo na Eritreia pensa igual. , já ele achava tudo muito normal, e adequado à situação atual da Eritreia. Pela situação do país, o presidente, que está no poder há muitos anos, não tem oposição, e mantém o país fechado, argumentando que é um esforço de guerra. Faz sentido, mas deixa o povo completamente isolado, e impede qualquer investimento estrangeiro. Por isso, não circula muito dinheiro pelo país, mantendo essa vida de décadas atrás. Muitos com que conversamos apoiavam o presidente, inclusive nosso guia, mas no fim percebemos que alguns desses simplesmente tinham medo de expressar uma opinião contrária. O nosso guia é bem mais crítico com relação às limitações com que o povo tem que conviver, mas ficou calado durante o almoço.

Uma coisa que chamou a nossa atenção foi a quase inexistência de motos no país. Para um local onde circula tão pouco dinheiro, seria natural que houvesse uma quantidade boa de motos em vez de carros, mas o que me pareceu é que não existe classe média no país. Hoje, ou as pessoas têm dinheiro para comprar um carro, ou as pessoas andam de ônibus, de bicicleta. Também existem táxis lotação, que é o que a gente acabou utilizando bastante, pois nosso hotel ficava a 4 km do centro. Também nos chamou a atenção a quantidade de atletas praticando ciclismo com bicicletas caras e inclusive vimos muitos treinando durante a semana. Trata-se do esporte nacional da Eritreia.

Foi uma viagem relativamente curta, de uma semana, mas que nos levou a um mundo completamente diferente do que estamos acostumados. Mais uma vez digo que é injusto chamar a Eritreia de Coreia do Norte da África. Acho que talvez mais justo seria chamar a Eritreia de Cuba da África. Esperamos ver o país melhorar em diversos aspectos num futuro próximo.

 
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Posted by on April 27, 2023 in Eritreia

 

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